O nascimento do maior evento de games do planeta....
Nem parece, mas lá se vão dezessete anos de
Electronic Entertainment Expo.
A primeira edição aconteceu no mesmo Los Angeles Convention Center que
sedia a feira até hoje e foi organizada pela IDSA (Interactive Digital
Software Association), conhecida hoje em dia como ESA (Entertainment
Software Association). A opção por realizar um grande evento próprio
para games era bem óbvia: as duas Consumer Electronics Show anuais já
estavam ficando saturadas com a sempre crescente quantidade de empresas
de jogos e acessórios para games buscando um espaço para divulgar suas
novidades para a imprensa e para os varejistas.
A feira rolou entre os dias 11 e 13 de junho e já começou com uma bomba
logo no primeiro dia: durante a conferência de imprensa da
Sega, Tom Kalinske, então presidente da companhia, revelou que o
Sega Saturn
norte-americano estaria disponível nas lojas já a partir daquele dia.
Com quatro games e estoques limitados, a manobra acabou se revelando um
dos maiores fracassos de marketing da história da indústria - os
jogadores tiveram dificuldade para encontrar os consoles nas lojas e o
abastecimento só foi regularizado em setembro, data originalmente
programada para a chegada do 32-bits.
Restaram os lançamentos para
Mega Drive, como o
Vectorman, maior destaque do 16-bits na feira, além de The Adventures of
Batman and Robin, Comix Zone e Garfield: Caught in the Act. Para 32-X,
foram apresentados Spiderman: Web of Fire, X-Men (que acabou sendo
cancelado), Kolibri e NBA Action. No Game Gear, foram poucas novidades,
incluindo Power Rangers: The Movie e uma versão do jogo do Garfield.
Na verdade, o anúncio mais do que bombástico da Sega serviu apenas para desviar um pouco o foco da mídia em cima do
PlayStation. Na E3 de 1995, a
Sony
revelou que mais de 160 games estavam em desenvolvimento para seu
primeiro console. A manutenção da parceria com a Namco, iniciada no
Japão no ano anterior, era garantia de que muito jogo de qualidade
estaria por vir. Uma outra parceria, desta vez com a Williams, rendeu
uma conversão praticamente perfeita de
Mortal Kombat 3, um dos destaques da E3 1995 em matéria de jogos de luta.
Já a
Nintendo decepcionou e não mostrou muito do seu
Ultra 64
- mais novidades e a primeira apresentação jogável do console só
aconteceriam mais no final do ano, na Shoshinkai, evento próprio da
companhia. O
Virtual Boy, que já estava disponível no mercado japonês, teve participação tímida na primeira E3 - o foco mesmo foram os lançamentos do
Super NES,
como Killer Instinct, Donkey Kong Country 2: Diddy Kong’s Quest,
Earthbound e Chrono Trigger, e de Game Boy, como Street Fighter II e
Donkey Kong Land, além de uma versão bem impressionante de Killer
Instinct com apenas 4 megabits de memória. Entre os títulos third-party,
destaque para a boa conversão do clássico Doom.
Mesmo sem o 64-bits da Nintendo, a primeira E3 foi repleta de marketing
em cima de consoles. Além das estreias ocidentais de Saturn e
PlayStation (que já haviam chegado ao Japão no ano anterior), a
SNK exibiu a versão norte-americana do
Neo-Geo CD,
que prometeu (e cumpriu) ter jogos mais baratos por conta do uso dos
discos em vez de cartuchos. Saía bem mais barato (US$ 40 de um CD contra
quase US$ 200 de cada cartucho), apesar dos longos tempos de
carregamento causados pelo leitor e apenas uma velocidade.A
Atari, já mal das pernas àquela altura do campeonato,
focou suas atenções no Jaguar CD e em um curioso capacete de realidade
virtual para o
Jaguar. Um protótipo foi exibido em
pleno funcionamento, mas o peso e o preço (ele vinha com tela colorida e
até alto-falantes próprios) inviabilizaram a chegada do produto ao
mercado. Em matéria de software, a Atari exibiu uma fraca lista de jogos
com Battlemorph, Demolition Man, Myst, Fight for Life e Blue Lightning.
Já a
3DO Company (o consórcio formado por empresas como Panasonic, Electronic Arts e Time Warner e que criou o “
padrão 3DO” de console de 32-bits) exibiu demonstrações de jogos rodando no
M2,
um 64-bits com CD prometido para ser lançado como console independente e
também como acessório para o 3DO. O desenvolvimento do M2 acabou
atrasando e, com PlayStation dominando o mercado e a iminência do
lançamento do Nintendo 64, a 3DO Company acabou decidindo cancelar o
projeto. Na E3, a imprensa teve a oportunidade de ver alguns jogos em
vídeo, incluindo o assustador D2 (que eventualmente acabou saindo quatro
anos depois para Dreamcast) e o belo game de corrida IMSA Racing.
Entre os acessórios, um bem curioso foi apresentado pela pouco conhecida
Catapult Entertainment: a versão para Super NES do modem
Xband,
que permitia partidas online (pela linha telefônica) em games como
Mortal Kombat II, NHL '95 e NBA Jam T.E. O preço de US$ 9,95 pela
assinatura do serviço não era salgado, mas o problema era a conta de
telefone que vinha no final de cada mês. O Xband não deslanchou, mas uma
versão para Mega Drive aportou no Brasil como MegaNet 2 e foi
relativamente popular.
Na onda da realidade virtual, além do capacete do Jaguar e de um ou outro lançamento do Virtual Boy, a desconhecida
Virtual IO
apresentou seu par de óculos especiais para computador. A peça era
compatível com boa parte do lançamentos da época e era bem leve, mas não
deslanchou. De resto, uma avalanche de controles com funções turbo para
os consoles de 16-bits e uma série de pistolas de luz completavam a
farra da
E3 1995. No ano seguinte, o evento foi para Atlanta, onde permaneceu por mais um ano, até voltar de vez para Los Angeles.